Sustentabilidade empresarial é sexy – e não só…
A sustentabilidade deixou de ser moda e passou a ser uma necessidade das empresas. O que está a mudar no tecido empresarial português?
Há poucos anos quando se falava com os gestores das empresas portuguesas sobre inovações e sustentabilidade, para muitos não passava de um discurso meramente teórico. Muitos dos gestores tinham dificuldade em enquadrar estes aspetos no dia a dia das suas empresas. Até, na boa verdade, muitas vezes nem havia grande abertura para mudanças. Hoje em dia, os novos gestores têm uma noção da sua responsabilidade perante a sociedade e o ambiente. Em poucos anos a palavra sustentabilidade deixou de ser um termo da moda e passou a ser parte do plano de negócio dos empresários de sucesso. Porque ocorreu agora esta mudança de paradigma?
A sustentabilidade é sexy
Diversos estudos internacionais provam que as empresas cujos objectivos estão para além dos próximos números trimestrais são economicamente mais bem-sucedidas – mesmo a curto prazo. Uma orientação sustentável pode ser benéfica para as empresas em muitas áreas: incluindo uma maior eficiência, melhoria da imagem corporativa, satisfação dos colaboradores e também maiores oportunidades de recrutamento de novos talentos.
Uma gestão empresarial baseada na sustentabilidade denota uma maior resiliência a todos os níveis de negócios, o que é, evidentemente, vantajoso para uma empresa. Empresas que utilizam menos plástico estão menos expostas às flutuações do preço do petróleo; as que pagam salários justos estabilizam a mão-de-obra qualificada.
As empresas sustentáveis têm mais sucesso
A sustentabilidade compensa economicamente as empresas. O investimento na sustentabilidade traz vantagens competitivas às empresas, aumentando as margens de vendas.
“O barato é bom” – este lema está a tornar-se fora de moda entre os consumidores com poder de compra. Nos últimos anos, tem havido uma mudança significativa na sensibilização, para as exigências colocadas nos produtos e serviços.
Diversos estudos examinaram as dimensões ecológicas e sociais nas empresas. Todos estes estudos revelam a relevância estratégica das empresas em operar de uma forma mais sustentável. Isto, porque as empresas sustentáveis aumentam o valor da marca e do produto, reduzem os custos e, na maioria dos casos, conseguem atingir margens mais elevadas.
Um estudo realizado por um instituto financeiro alemão mostrou recentemente, que a sustentabilidade também tem um efeito positivo sobre os indicadores económicos tradicionais: As empresas que operam de forma sustentável nos sectores do consumo e do retalho estão a aumentar a sua margem EBIT. Em média, este é 6 pontos percentuais mais elevado em comparação com os concorrentes, que operam de forma menos sustentável.
O que significa sustentabilidade empresarial?
Mas o que se esconde realmente por detrás do termo sustentabilidade em relação às empresas? Será suficiente não depositar os resíduos das fábricas na floresta ou não despejar as águas residuais no rio mais próximo? Ou tem de ser instalado um sistema solar fotovoltaico no telhado da empresa?
Conforme a definição comum: a sustentabilidade é o princípio segundo o qual não se pode consumir mais do que aquilo que volta a crescer ou regenera-se de novo para estar disponível no futuro. Um exemplo simples: só se poderá cortar tanta madeira de uma floresta como aquela que voltará a crescer.
Muitas pessoas associam ao termo “sustentabilidade”, sobretudo à poupança de energia, à utilização da energia limpa ou às janelas com vidro duplo. Mas existe muito mais para além disso. A sustentabilidade engloba todos aspetos sociais e ecológicos da vida empresarial. Começando por oferecer fruta biológica aos colaboradores até a uma política de zero emissões.
O que torna a sustentabilidade empresarial tão urgente?
Um olhar para as notícias diárias é suficiente para entender a urgência em atuar: alterações climáticas, fome, refugiados, resíduos plásticos nos mares e extinção de espécies – até as pandemias como a COVID19.
A sustentabilidade ecológica e social tornou-se uma questão de sobrevivência da humanidade e já ninguém duvida que algo tem de acontecer. O que em tempos foi considerado um tópico para idealistas, surge agora no topo da agenda – debatido ao mais alto nível.
Será que as empresas devem agora, de repente, salvar o mundo? Sim, pelo menos um pouco. É isto que os clientes, os reguladores e os investidores estão a exigir cada vez mais, criando assim impulsos para a transição. As empresas que sabem responder melhor, terão uma vantagem competitiva.
A sustentabilidade é muito mais do que proteger o ambiente – faz parte da estratégia empresarial moderna
As expectativas claras dos clientes enviam sinais claros às empresas, estas têm de adaptar as suas ofertas à procura. Cada vez mais, os empresários portugueses estão a reconhecer as mais valias que uma gestão sustentável oferece.
Recentemente, verificamos em Portugal que a nova geração de gestores já avançou com a implementação do conceito da sustentabilidade nos seus modelos de negócio. Para as novas gerências, a sustentabilidade é cada vez mais uma questão estratégica. Será que os nossos jovens gestores aprenderam com os pareceres de Michael Porter?
Se realmente assim for, não será por acaso. Faz mais de um quarto século que o relatório sobre a economia portuguesa de Michael Porter, um reputado estratega empresarial e professor da Harvard Business School, foi publicado. Neste relatório Michael Porter aplicou o seu modelo de vantagens competitivas à economia portuguesa. Os resultados mostram que os seis clusters escolhidos no seu relatório souberam bem responder ao “auditoria da competitividade”.
Segundo Michael Porter, muitas as empresas têm uma estratégia económica e uma estratégia de responsabilidade social, mas o que elas deverão ter, é uma única estratégia para obter vantagens competitivas. As empresas carecem de uma estratégia, aliando a sustentabilidade e a economia. A sustentabilidade não deve ser vista como algo que concorre fora da estratégia da organização, ou apenas como uma política de comunicação da imagem.
Um investidor externo para realizar instalações solares?
Contudo, gerir as finanças de uma empresa atualmente requere um planeamento aprofundado, e a tesouraria por vezes limita as ambições dos gestores. Os fundos necessários até existem, mas são canalizados para matérias primas que fazem funcionar a empresa. É aqui, que entra o papel do investidor nos projetos de sustentabilidade empresariais como o aumento da eficiência energética e a instalação de energia solar fotovoltaica.
Os investidores querem lucros – mas já não a qualquer preço. Cada vez mais, os investidores estão interessados em saber com maior precisão o que os seus planos de poupança e fundos contêm efetivamente em termos de investimentos individuais. Ações ecologicamente ou socialmente questionáveis são desaprovadas por muitos investidores.
Constata-se um crescente interesse em investir em projetos de energias renováveis. Neste caso, o investidor investe na instalação fotovoltaica e partilha dos proveitos da poupança com a empresa. Uma situação vantajosa para ambas as entidades. Desta forma cada um foca-se nas suas competências, aumentando a competitividade do negócio, assim como a qualidade de vida no nosso planeta.